Lançado na FLIP 2012, SAGRADA FAMÌLIA de Zuenir Ventura
informa que na história do livro “Só dez por cento é mentira. O resto é
invenção”, embaralhando ficção e realidade, romance e reportagem, imaginação e
memória. “São lembranças que transformei em história. Em determinado momento,
já nem sabia mais o que era fato real”, diz o autor.
A história é contada na fictícia cidade de Florida, na
região serrana do Rio de Janeiro, nos anos de 1940, e o autor se inspirou em
momentos vividos por ele em Friburgo e em pessoas da sua própria família, tendo
como pano de fundo a II Guerra Mundial e a Ditadura do Estado Novo, comandada
por Getúlio Vargas. Segundo Zuenir, o
assunto do livro é o mesmo que obcecava Lucio Cardoso e Nelson Rodrigues, pois
os primeiros desastres na vida acontecem na família.
Zuenir foi um dos fundadores do Viva Rio, uma ONG dedicada a
projetos sociais e campanhas anti- violência, criada após as chacinas da
Candelária e de Vigário Geral. A experiência de conviver com os moradores da
favela de Vigário Geral por nove meses resultou no livro Cidade Partida – Um
retrato das Causas da Violência no Rio de Janeiro, vencedor do Prêmio Jabuti na
categoria reportagem em 1995. O livro foi traduzido para o italiano com o
título de Viva Rio.
Com oitenta e um anos
de idade, Zuenir foi preso em 1968 (era
considerado subversivo) com pessoas influentes como Helio Pellegrino e Ziraldo,
Geraldo Mello Mourão e Osvaldo Peralva. Sua libertação se deu com o aval de
Nelson Rodrigues, que conseguiu junto aos militares a liberdade de Helio
Pellegrino, mas o amigo condicionou sua saída à do companheiro de cela. No
mesmo ano escreveu 12 reportagens intituladas Os Anos 60 – A Década que mudou
tudo, que foi transformada no livro 1968
– O ano que não terminou e que inspirou a minissérie Anos Rebeldes.
Em 1977, como chefe da sucursal da Revista Veja, recebeu o
Prêmio Esso pela reportagem sobre a morte de Claudia Lessin Rodrigues, com os
jornalistas Valério Mainel e Amigucci Gallo. Esse foi o primeiro crime relacionado
ao uso de drogas com repercussão em todo o país.
No livro Inveja – Mal Secreto, Zuenir conta sua luta e sua vitória contra um
câncer em fase inicial que o surpreendeu em 1988. Escreveu ainda Chico Mendes:
Crime e Castigo, a biografia do seringueiro, ambientalista e considerado o
herói das florestas. A série de reportagens que deu origem ao livro recebeu o
Prêmio Esso de jornalismo e o Wladimir Herzog, de direitos humanos.
São oito livros publicados e várias crônicas escritas para
revistas e jornais durante mais de quarenta anos de jornalismo.
Casado com Mary Akierztein, Zuenir tem dois filhos, o
jornalista Mauro Ventura e Elisa. Ultimamente seu passatempo predileto é
brincar com a neta Alice, filha de Mauro, de dois anos de idade e diz:
- Amor de neto não tem igual, e, além de tudo, a Alice me
ensina a lidar com o iPad, porque sou incompetente nessa área.
Publicado no jornal O DEBATE RIO DAS OSTRAS em 24/08/2012
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