Surgiu de um bate papo entre Diogo Nogueira e Afonso
Carvalho, numa viagem de carro entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro em 2009, a
idéia de comemorar os 70 anos de João Nogueira em grande estilo.
Cantor e compositor, João nasceu em 1941 e faleceu em 2000,
vítima de um enfarte. Nasceu e viveu no Méier, bairro do subúrbio carioca que
homenageou João inaugurando, no dia 12 de junho passado, o Centro Cultural João
Nogueira, um espaço com capacidade para duas mil pessoas, com área para shows e
apresentações teatrais, sala de exposições, restaurante e café.
As comemorações começaram em 12 de novembro de 2011, quando
aconteceu o “Caruru do João”, na sede do Cordão do Bola Preta, onde foi exibido
o curta metragem Carioca, Suburbano, Mulato e Malandro de Jom Tob Azulay, e
continuou com o lançamento do projeto Samba book, em março.
O projeto consiste em CDs, DVD, livro e partituras, além de
aplicativos para celulares e tablets sobre a obra de João.
O livro João Nogueira – Discografia, de Luiz Fernando Vianna,
acompanha a vida de João através de seus discos. Foram 20 discos. Cada disco,
um capítulo do livro, onde o autor descreve as parcerias, as curiosidades em
torno da vida do cantor e seus grandes sucessos, gravados por ele e por outros
cantores, como Elis Regina, Clara Nunes, Alcione e Elizeth Cardoso, que foi a
primeira cantora que gravou uma música de João.
Em 1971, João passou a fazer parte da ala de compositores da
Escola de Samba Portela, e em 1984, por conta da eliminação de sete alas da
escola pelo então presidente Carlinhos Maracanã, fundou com vários
participantes da Portela a escola de samba Tradição. Um ano antes de sua morte,
João voltou a desfilar pela Portela.
Na época em que a música estrangeira e as discotecas faziam
muito sucesso no Brasil, influenciado pela novela Dancin’ Days e pelo filme Os
Embalos de Sábado a Noite, João Nogueira, Antonio Carlos Austregésilo de Athayde, Beth Carvalho,
Martinho da Vila, Alcione e vários outros sambistas criaram o bloco
carnavalesco Clube do Samba.
No período de 1983 a 2003, os enredos do bloco eram bem
humorados, com críticas a um determinado acontecimento político, um dos
escândalos da época como a queda do edifício Palace II, em 1999. As camisetas
do Bloco são desenhadas pelo cartunista Ziraldo e os desfiles aconteciam nos
sábados e nas terças feiras de carnaval na Avenida Rio Branco, Centro do Rio de
Janeiro. Há 15 anos o desfile passou a ser em Copacabana e a concentração, nas
esquinas da Rua Santa Clara com Av. Atlântica.
O maior parceiro de composições de João foi Paulo Cesar
Nogueira. Foram 17 músicas compostas pelos dois e gravadas por João. Paulo
ainda guarda algumas inéditas e estão esperando para serem gravadas por Diogo
Nogueira, filho de João.
João participou do filme Quilombo, de Cacá Diegues, no papel
de Rufino. O filme concorreu à Palma de Ouro em Cannes e foi o vencedor do
Festival de Miami, em 1984.
No Centro Cultural João Nogueira, está acontecendo a mostra
João Nogueira, Madeira de Lei, com diversas imagens raras, vídeos da vida e da
carreira do cantor. Entre as raridades, está a interpretação de Correntes de
Aço, por Elizeth Cardoso.
Um vídeo da criação do Clube do Samba também está na
exposição com a presença de Clementina de Jesus e Clara Nunes, e outro de
Cartola recebendo o título de sócio honorário do Clube do Samba.
Estava marcado para os dias 13 e 14 de julho de 2000, um
show no Tom Brasil em São Paulo, mas João se foi no dia 05 de julho. O show
aconteceu em sua homenagem, no dia marcado e vários amigos interpretaram suas
músicas, entre eles João Bosco e Chico Buarque que gravaram suas participações
em estúdio, Zeca Pagodinho, Emilio Santiago, Arlindo Cruz, Beth Carvalho e
Diogo Nogueira, que fez sua primeira gravação em disco.
O show foi lançado em CD - Através do Espelho, e lançado em
2001.
Publicado no jornal O Debate Rio das Ostras em 13/07/2012
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