quarta-feira, 9 de maio de 2012

Dez! Nota Dez!


Dez! Nota Dez! O criador do bordão que faz o sambódromo do Rio de Janeiro vibrar na quarta feira de cinzas na apuração do desfile do Grupo Especial das escolas de samba é uma figura que descobriu talentos, escreveu sucessos e criou muita polêmica.
Natural de Cachoeiro do Itapemirim Carlos Imperial foi agitador cultural, descobridor de talentos (Roberto Carlos, Wilson Simonal, Elis Regina e outros), autor de vários sucessos que são cantados até hoje em todo o país, jurado de programa de auditório, apresentador de TV, produtor teatral, colunista de jornal e revistas, ator de cinema e político.
Casou-se com Rose Gracie e teve dois filhos, Marco Antonio e Maria Luiza. Mas por sua vida, passaram muitas outras mulheres. O propósito de Imperial era chegar ao patamar do Rei Salomão, que dizem ter tido 700 esposas e 300 concubinas.
O “rei da pilantragem”, como se auto denominou, combinava brigas com amigos e usava de artifícios para estar sempre em evidência  na mídia, mas era considerado uma pessoa dócil, educada e prestativa pelos familiares e amigos.
Preferia as vaias aos aplausos tanto que, no dia da eliminatória do Festival Internacional da Canção, em 1966, quando Guilherme Lamounier subiu ao palco para defender “Conquistando e Conquistado”, música de Imperial em parceria  com Ibrahim Sued, não conseguiu cantar devido as vaias dirigidas ao autor, que se posicionou no palco usando uma fantasia de índio emprestada  pelo bloco Cacique de Ramos. O grande vencedor do FIC foi Tony Tornado com a música BR-3.
Por causa de um cartão de natal debochado, Imperial ficou preso por 23 dias na Ilha Grande, acusado de crime contra os costumes, mas era intenção do Secretário de Segurança da época, General Luis de França, enquadrá-lo no AI-5.
Durante o período em que esteve preso, Imperial usufruiu da companhia da cúpula do jogo do bicho, que compartilhou com ele todas as mordomias e passava os dias compondo, na praia e jogando dominó.
Pela amizade cultivada com Natal, presidente de honra da Portela, nos dias em que esteve na Ilha Grande, Imperial escolheu o samba “Lendas e Mistérios da Amazônia”, contrariando a tradição da escola cujo samba era escolhido na quadra causando mais uma confusão entre seus integrantes que foram contra a decisão individual, e Imperial. Tendo Clóvis Bornay, amigo de Imperial, como carnavalesco, a escola foi a grande vencedora do carnaval de 1970.
Imperial adorava futebol, foi vice presidente  de futebol do Olaria Atlético Clube, levando o time a disputar em 1981, o campeonato com os clubes da 1ª divisão. Seu time do coração, o Botafogo, também teve Imperial como vice presidente.
Em 1982, Imperial foi o vereador mais votado colaborando para eleger Leonel Brizola governador do Rio de Janeiro pelo PDT.
Chamou-se “Projeto Imperial” o processo radical de rejuvenescimento que Imperial resolveu passar em 1992. Por conta de uma doença auto imune, ao tomar um remédio contra indicado nas duas cirurgias que fez, ficou com a saúde debilitada, o que acabou causando sua morte no dia 04 de novembro de 1992.
Nesse dia, no Estádio Caio Martins, em Niterói, jogaram Botafogo e Olaria. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem a Imperial, mas é bem provável que o rei da pilantragem preferisse uma  grandiosa vaia.




Publicado no jornal O Debate  - Rio das Ostras em 16/03/2012

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