Dez! Nota Dez! O criador do
bordão que faz o sambódromo do Rio de Janeiro vibrar na quarta feira de cinzas
na apuração do desfile do Grupo Especial das escolas de samba é uma figura que
descobriu talentos, escreveu sucessos e criou muita polêmica.
Natural de Cachoeiro do
Itapemirim Carlos Imperial foi agitador cultural, descobridor de talentos
(Roberto Carlos, Wilson Simonal, Elis Regina e outros), autor de vários
sucessos que são cantados até hoje em todo o país, jurado de programa de auditório,
apresentador de TV, produtor teatral, colunista de jornal e revistas, ator de
cinema e político.
Casou-se com Rose Gracie e teve
dois filhos, Marco Antonio e Maria Luiza. Mas por sua vida, passaram muitas
outras mulheres. O propósito de Imperial era chegar ao patamar do Rei Salomão, que
dizem ter tido 700 esposas e 300 concubinas.
O “rei da pilantragem”, como se auto denominou,
combinava brigas com amigos e usava de artifícios para estar sempre em
evidência na mídia, mas era considerado
uma pessoa dócil, educada e prestativa pelos familiares e amigos.
Preferia as vaias aos aplausos tanto que, no dia
da eliminatória do Festival Internacional da Canção, em 1966, quando Guilherme
Lamounier subiu ao palco para defender “Conquistando e Conquistado”, música de
Imperial em parceria com Ibrahim Sued,
não conseguiu cantar devido as vaias dirigidas ao autor, que se posicionou no
palco usando uma fantasia de índio emprestada
pelo bloco Cacique de Ramos. O grande vencedor do FIC foi Tony Tornado
com a música BR-3.
Por causa de um cartão de natal debochado,
Imperial ficou preso por 23 dias na Ilha Grande, acusado de crime contra os
costumes, mas era intenção do Secretário de Segurança da época, General Luis de
França, enquadrá-lo no AI-5.
Durante o período em que esteve preso, Imperial
usufruiu da companhia da cúpula do jogo do bicho, que compartilhou com ele
todas as mordomias e passava os dias compondo, na praia e jogando dominó.
Pela amizade cultivada com Natal, presidente de
honra da Portela, nos dias em que esteve na Ilha Grande, Imperial escolheu o
samba “Lendas e Mistérios da Amazônia”, contrariando a tradição da escola cujo samba
era escolhido na quadra causando mais uma confusão entre seus integrantes que
foram contra a decisão individual, e Imperial. Tendo Clóvis Bornay, amigo de
Imperial, como carnavalesco, a escola foi a grande vencedora do carnaval de 1970.
Imperial adorava futebol, foi vice presidente de futebol do Olaria Atlético Clube, levando o
time a disputar em 1981, o campeonato com os clubes da 1ª divisão. Seu time do
coração, o Botafogo, também teve Imperial como vice presidente.
Em 1982, Imperial foi o vereador mais votado colaborando
para eleger Leonel Brizola governador do Rio de Janeiro pelo PDT.
Chamou-se “Projeto Imperial” o processo radical de
rejuvenescimento que Imperial resolveu passar em 1992. Por conta de uma doença
auto imune, ao tomar um remédio contra indicado nas duas cirurgias que fez,
ficou com a saúde debilitada, o que acabou causando sua morte no dia 04 de
novembro de 1992.
Nesse dia, no Estádio Caio Martins, em Niterói, jogaram
Botafogo e Olaria. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem a Imperial, mas
é bem provável que o rei da pilantragem preferisse uma grandiosa vaia.
Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 16/03/2012
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