quarta-feira, 9 de maio de 2012

Leila Diniz


A tese de doutorado de Mirian Goldenberg defendida do Programa de Pós graduação em Antropologia Social da UFRJ transformou-se em livro – TODA MULHER É MEIO LEILA DINIZ.
Segundo Mirian “Leila Diniz foi a mulher que toda mulher gostaria de ser”, pois até hoje é lembrada como uma jovem, e bela mulher que mudou o comportamento de sua época.
Além do livro de Mirian, outros trabalhos foram feitos sobre a mulher que, na época da ditadura militar, nos “anos de chumbo”, numa entrevista para o jornal O Pasquim, em 1969, com frases cheias de palavrões, deu a desculpa para o governo instituir a censura prévia (não seria mais tolerado na imprensa nacional “exteriorizações contrárias à moral e aos costumes”), através do decreto lei 1077, que ficou conhecido como Decreto Leila Diniz.
Joaquim Ferreira dos Santos, colunista de O Globo, escreveu LEILA DINIZ – UMA REVOLUÇÃO NA PRAIA.
Rita Lee fez letra e música de Todas as Mulheres do Mundo. A música tem o mesmo nome do filme de Domingos de Oliveira que tornou Leila a atriz mais famosa do cinema nacional. Domingos de Oliveira viveu com Leila por três anos e o filme foi inspirado na sua vida com a atriz. Ele a dirigiu ainda em “Edu, Coração de Ouro”. Nos dois filmes Leila fazia par com o ator Paulo José.
Por conta da entrevista dada ao jornal O Pasquim (a edição foi a mais vendida da história do jornal), a carreira da atriz declinou. Emissoras de televisão deixaram de contratá-la, alegando razões morais.
A espontaneidade de Leila a colocou na contramão do tempo, a tornando o protótipo da mulher dos dias atuais.
Pela sua postura livre, por desafiar os costumes sociais estabelecidos, Leila passou a incomodar os poderosos do regime militar e a polícia política queria prendê-la por atentado ao pudor.
Nesse período, Leila passou a viver em Petrópolis, na casa do apresentador de televisão Flávio Cavalcante, considerado pelos intelectuais e esquerdistas como reacionário.
Além de ter Leila em sua casa, Flávio a colocou como jurada em seu programa de televisão, que tinha entre outros, Danuza Leão.
Findado o período de perseguição, Leila estreia como vedete principal em “Tem Banana na Banda”, uma revista com textos de Millôr Fernandes, Oduvaldo Viana Filho, Luis Carlos Maciel e José Wilker.
Com o sucesso da revista, Leila recebeu das mãos de Virginia Lane, considerada a maior vedete do Brasil, o título de rainha das vedetes e foi eleita a Madrinha da Banda de Ipanema.
Em 1971, Leila teve sua filha, Janaína, com o cineasta Ruy Guerra.
Nesse período Leila escandalizou a sociedade ao ser fotografada de biquíni, grávida de oito meses e nua, mostrando a barriga. Outras atrizes também foram fotografadas grávidas e nuas, mas a reação não foi a mesma que tiveram para com Leila.
Em novembro de 1971 nasceu Janaína, que recebeu esse nome pela inspiração que o mar dava a Leila.
Leila voltou a incomodar o governo militar quando se deixou fotografar amamentando a filha. Nos dias de hoje, o governo faz campanha de amamentação e fotos semelhantes são bastante comuns.
Em junho de 1972, Leila participou do Festival de Cinema da Austrália e recebeu o prêmio de melhor atriz pelo trabalho no filme “Mãos Vazias”, de Luiz Carlos Lacerda. Também é de Luiz Carlos Lacerda o livro e o filme Leila para sempre Diniz.
Por saudades da filha, Leila retornou ao Brasil antes do previsto e o avião em que viajava explodiu em Nova Déli.
Ao saber da morte de Leila, Taiguara escreveu “Memória Livre de Leila”, uma canção em homenagem à amiga que foi gravada pela cantora Claudia.
“Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de 20 anos presas ao tronco de uma especial escravidão”, escreveu Carlos Drummond de Andrade.
Martinho da Vila e Nei Lopes escreveram Leila Diniz, Erasmo Carlos canta Coqueiro Verde, mas a música de Rita Lee mostra que Leila se transformou num mito, num símbolo da liberdade feminina.








Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 20/04/2012


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