sábado, 26 de maio de 2012

Mazzaropi




 Vários livros foram publicados contando a trajetória do homem que, por duas, décadas foi o responsável pelo sucesso do cinema nacional.
Nascido em São Paulo em 09 de abril de 1912, Amácio Mazzaropi aos 14 anos de idade começou sua carreira no Circo La Paz, no teatro estreou com a peça “A Herança do Padre João” em 1932, depois da Revolução Constitucionalista que agitou São Paulo.
Em 1935, o Pavilhão Mazzaropi, um barracão que era montado e desmontado estreou em Jundiaí – SP, onde foi construído e andou por todo o interior do estado de São Paulo durante oito anos. Em todas as cidades onde havia estação de trem, houve apresentação da Companhia de Teatro de Emergência, nome que recebeu a companhia de teatro do artista, pois o trem era o único meio que o pavilhão podia ser transportado.
Em 1946, foi contratado pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro para trabalhar no programa “Rancho Alegre” sob a direção de Cassiano Gabus Mendes. Quatro anos depois, o programa estreou na televisão.
Em 1952, foi convidado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz para fazer seu primeiro filme “Sai da Frente”, que também é o título do livro escrito por Marcela Batista de Matos.
Após trabalhar em outras companhias de cinema, comprou com recursos próprios uma fazenda em Taubaté – SP em 1958 e montou a Produções Amácio Mazzaropi – PAM Filmes. Construiu um estúdio cinematográfico, uma oficina cenográfica e um hotel para atores e técnicos.
 A partir daí, trabalhando como ator, produtor, diretor e distribuidor, criou uma indústria cinematográfica brasileira independente, sucesso de bilheteria e sem subsídios do governo.
Inspirado no personagem Jeca Tatu, um caipira criado por Monteiro Lobato, conquistou a maior bilheteria do cinema nacional.
De 1961 a 1983 produziu 24 longas metragens, 18 deles estão entre os mais assistidos do cinema brasileiro, seis são recordistas de público.
Ao todo foram 32 filmes que contavam histórias abordando o racismo, a religião, a política e até a ecologia, falando a língua que o povo entendia com facilidade.
A elite intelectual considerava seus filmes superficiais, mas Mazzaropi deixou uma marca na cultura nacional. Seus filmes ainda atraem público no interior do país.
Mazzaropi morreu em 1981, vítima de um câncer de medula óssea e foi enterrado em Pindamonhangaba, cidade vizinha a Taubaté, mesmo local onde foram enterrados seus pais, sem concluir seu 33º filme, Jeca e a Maria Tomba Homem.
Na fazenda onde era o estúdio de cinema, hoje funciona o Hotel Fazenda Mazzaropi, reconhecido como um dos melhores em sua categoria. Seus proprietários buscaram preservar todo o acervo disponível do artista e, em 1992, fundaram o Instituto Mazzaropi e o Museu Mazzaropi, que mantém uma exposição interativa e permanente – Mazzaropi, para a felicidade do Brasil.

Em 2002, o Instituto Mazzaropi produziu o documentário “Mazzaropi - O Cineasta das Platéias, A vida e a Obra do Cineasta Brasileiro mais bem sucedido de todos os tempos”, com depoimentos de artistas, historiadores, intelectuais e um trecho da última apresentação de Mazzaropi na televisão, no programa Hebe Camargo.
O filme Tapete Vermelho, de Luiz Alberto Pereira, é a mais bela homenagem feita pelo cinema a Mazzaropi. Quinzinho (Matheus Nachtergaele) mora em uma roça bem distante de qualquer cidade grande. Decidido a cumprir uma promessa, ele decide levar seu filho Neco (Vinícius Miranda), de nove anos, para assistir a um filme estrelado por Mazzaropi em uma sala de cinema, assim como fez seu pai quando era garoto.
A comemoração do centenário de Mazzaropi teve várias programações em Pindamonhangaba, em Taubaté e no I Festival Internacional de Cinema de Campos do Jordão, o caipira mais querido do cinema nacional será o grande homenageado.




 Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 25/05/2012

           
            

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