Há 17 anos surgiu na música brasileira um grupo que
revolucionou a maneira de falar do povo, inclusive das crianças. Numa época em
que falar palavrões era coisa feia, a música dos Mamonas Assassinas mudou o
hábito das pessoas, pois se cantavam
suas músicas e nelas o palavrão era uma constante. Criadores de letras
debochadas, todas as músicas do CD foram sucesso e, até nos dias de hoje, são
lembradas e cantadas por quem nem era nascido naquela época.
A banda começou efetivamente cinco anos antes com o nome
de Utopia. Dinho, o vocalista, foi o último a fazer parte do grupo.
Suas músicas eram brincadeiras que eles transformavam em
rock. Tocavam sertanejo, forró ou reggae, mas com uma base sólida de rock.
As primeiras músicas foram MINA e DEMERVAL, O MACHÃO, que
quando gravadas se tornaram “Pelados em Santos” e “Robocop Gay”.
O filho de João Augusto de Macedo Soares, vice-presidente
da EMI, foi quem ouviu a demo do grupo e fez uma cópia e distribuiu aos amigos.
No condomínio onde moravam e no colégio Bahiense da Barra da Tijuca onde
estudavam, era só gritar: “Mina” e ouvia-se toda a galera completar “Seus
cabelo é da hora...”
Contratados pela EMI, eles compuseram outras músicas,
todas no mesmo estilo debochado e foram fazer a mixagem do disco em Los Angeles.
Cansados com o trabalho de mixagem, passavam o dia jogando fliperama. Dinho
pediu uma moeda a João e jogava o dia inteiro só com os bônus que faturava. A
cada recorde a máquina registrava o nome dele, que está lá até hoje. Ninguém
conseguiu superá-lo.
O sucesso chegou. Foram 182 shows em 190 dias de norte a
sul do país. O disco foi lançado em junho de 1995, mas só a partir de julho com
a música “Vira” tocando nos rádios, as pessoas passaram a perceber o grupo.
Eles se tornaram um dos maiores fenômenos da indústria fonográfica brasileira –
foi o álbum de estreia que mais vendeu em todos os tempos no Brasil (mais de dois
milhões de cópias). Foi também o único disco que mais vendeu em um só dia.
Foram vendidas 25 mil cópias em 12 horas. Manteve durante o mês a média de 10
mil cópias vendidas por dia. Foram vendidos mais
de 2.468.830 cópias, de acordo com dados da Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD) em pouco mais de quatro meses.
Mas o destino mudou a vida dos cinco mamonas. No dia 02
de março de 1996, o avião em que viajavam caiu na Serra da Cantareira e todos
eles morreram no acidente. A comoção causada foi comparada a da morte de Ayrton
Senna.
A Rede Globo apresentou em 2008, o especial Por Toda a
Minha Vida, mostrando a trajetória do grupo, que foi transformado em DVD.
Claudio Kahns fez o documentário Mamonas.doc, e existe um projeto para um
longa-metragem contando a vida do grupo do anonimato ao auge da carreira.
Eduardo Bueno escreveu Blá Blá Blá – Uma
Biografia Autorizada, onde pais, mães,
irmãos, amigos, namoradas, companheiros de estrada, empresários, todas as
pessoas que foram importantes na vida dos Mamonas Assassinas deram longos
depoimentos , poucos meses após a morte do grupo.
Até hoje, 16 anos após a morte do grupo, não surgiu
ninguém que tivesse a espontaneidade, o deboche e a graça em cantar as músicas
que são cantadas pela legião de fãs que eles fizeram em tão pouco tempo de vida
artística.
Publicado no jornal O Debate Rio das Ostras em 18/05/2012
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